A frouxidão no amor é uma ofensa, / Ofensa que se eleva a grau supremo; / Paixão requer paixão; fervor e extremo / Com extremo e fervor se recompensa.
Manuel Bocage
Amor em sendo ditoso / Costuma ser imprudente, / E nos gestos de quem ama / Logo o vê quem o não sente.
Manuel Bocage
Basta, cega paixão, loucos amores; / Esqueçam-se os prazeres de algum dia, / Tão belos, tão duráveis como as flores.
Manuel Bocage
De Amor os gozos são como o diamante, / Que, sem o engaste que tocar-lhe veda, / Perdera a polidez, perdera o brilho.
Manuel Bocage
Dos homens ignoras / A índole errante? / Quem é muito amado / Não é muito amante.
Manuel Bocage
Ah! Se a vossa liberdade / Zelosamente guardais, / Como sois usurpadores / Da liberdade dos mais?
Manuel Bocage
Aquele canta e ri; não se embaraça / Com essas coisas vãs que o mundo adora / Este (oh, cega ambição!) mil vezes chora / Porque não acha bem que o satisfaça.
Manuel Bocage
Da glória, que não é romper muralhas, /Tragar a natureza, / Ou nutrir ilusões, dar vulto ao nada, / Mas em jugo macio / Docemente prender geral vontade.
Manuel Bocage
De quantas cores se matiza o Fado! Nem sempre o homem ri, nem sempre chora, Mal com bem, bem com mal é temperado.
Manuel Bocage
Faço a paz, sustento a guerra, / Agrado a doutos e a rudes, / Gero vícios e virtudes, / Torço as leis, domino a Terra.
Manuel Bocage